segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Conflitos na África

Os conflitos atuais da África são motivados pela combinação de causas variadas, embora predomine, neste ou naquele caso, um determinado componente étnico (Ruanda, Mali, Somália, Senegal), religioso (Argélia), ou político (Angola, Uganda). Isto sem contar os litígios territoriais, muito frequentes na África Ocidental. No meio desses conflitos que atormenta a África neste final de século, estão vários povos e nações que buscam sua autonomia e sua autodeterminação face a poderes centrais autoritários, exercidos muitas vezes por uma etnia majoritária.
Na Somália, oito clãs disputam o poder numa guerra civil que dilacerou completamente o país. Na Libéria, a guerra interna matou mais de 150 mil pessoas e produziu cerca de 700 mil refugiados. Cifra semelhante pode ser verificada na vizinha Serra Leoa. A situação não é muito diferente em países como o Chade ou Sudão. Enfim, são vários e vários conflitos sem perspectivas imediatas de pacificação. Acordos e negociações têm sido tentados, mas sem muito sucesso. Talvez Angola possa se transformar numa exceção, face a mais uma tentativa de paz (a última?) acordada entre o Movimento pela Libertação de Angola (MPLA), no governo, e o seu arquirival, a União Total para a Libertação de Angola (UNITA), organização que durante muitos anos recebeu apoio dos EUA e do criminoso regime do appartheid sul-africano.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

As vendas da Argentina para o Brasil caíram 19% nos primeiros cinco meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, levando o país vizinho a ser desbancado pela Alemanha como o terceiro mercado que mais vende para o Brasil.

É a primeira vez que o país vizinho é superado pelos alemães nas vendas para o Brasil nesse período. No início deste século, ele também já havia sido batido pela China, que, atualmente, é o país que mais exporta para o mercado brasileiro, à frente dos EUA.

A vantagem da maior economia europeia é de poucos milhões de dólares (ambos venderam cerca de US$ 5,8 bilhões até maio), mas há também um significado simbólico na perda de espaço do parceiro de Mercosul.

Uma das dificuldades das vendas argentinas é que, diferentemente das alemãs (que são bastante diversificadas), elas estão muito concentradas em poucos itens.

Por isso, uma queda nas exportações de algum deles já tem efeito expressivo no comércio entre os dois países. É o que ocorre agora com duas áreas: veículos (e autopeças) e trigo. Para a economista Marcela Cristini, da consultoria Fiel, essa concentração em veículos e autopeças --que é um setor administrado-- é "perigosa".

"A instabilidade de câmbio da Argentina [há restrições para comprar dólares, o que dificulta o comércio exterior] complicou a situação."

Para Cristini, porém, o Mercosul segue sendo "um bom negócio" no longo prazo.

Os carros dominam as transações entre os dos países, liderados pelos veículos a diesel, que representaram 15% das compras brasileiras da nação vizinha até abril.

Os automóveis de maior potência (6,93% do total) e os de menor potência (4,94%) vêm a seguir nas importações brasileiras da Argentina.

 

TRIGO

Em quarto lugar nas compras brasileiras do país vizinho está o trigo, justamente o produto que teve a maior queda, com declínio de 67% de janeiro a abril ante igual período de 2013.

A Argentina é um produtor tradicional de trigo, mas tem exportado cada vez menos ao Brasil. Não foi só uma diminuição das vendas para fora, mas o tamanho da colheita vem diminuindo há cinco anos, diz o economista Ramiro Costa, da Argentrigo, uma associação de produtores.

Ele afirma que, historicamente, o país produzia cerca de 15 milhões de toneladas, mas que, nos últimos anos, caiu para cerca de 8 milhões de toneladas.

Um dos motivos para essa queda é a política de retenção do governo, que, para que o preço interno não suba, obriga o exportador de trigo a pagar impostos altos.

Com isso, nos últimos anos, muitos produtores optaram por trocar o tipo de produto e começaram a plantar soja, que é livre de taxas.

Um executivo de uma produtora de trigo, que pede para não ser identificado, afirma que espera que esse declínio se reverta nos próximos anos e que o tamanho da produção volte aos níveis históricos --e, então, voltar a fornecer toda a necessidade do mercado brasileiro.
Folha de São Paulo

terça-feira, 29 de abril de 2014

O Imposto de Renda e a realidade do Brasil

A Declaração anual do Imposto de Renda – pessoa física - 2014 está chegando ao fim e com ela a abertura de um grande debate sobre o destino do capital gerado pelo Governo em forma de impostos. Este ano, o cidadão que obteve rendimentos anuais acima de R$ 25.661,70 em 2013 tem que declarar. A lógica do Governo é que o capital arrecadado é transformado em investimentos que são necessários à população brasileira como, saúde, transporte, infraestrutura, habitação e segurança.
Entretanto, a radiografia sócio urbana do Brasil identifica que tais investimentos não estão sendo feitos. A segurança pública apresenta dados alarmantes. Em 2013 ocorreu 50.000 assassinatos, em média são dezenove (19) assassinatos para cada cem mil habitantes (19/100.000 hab.) é praticamente o dobro do recomentado pelo ONU. Até abril de 2014 foram registrados vinte e cinco (25) homicídios para cem mil habitantes (25/100.000 hab.). E mais, o Brasil tem dezesseis das cinquenta cidades mais violentas do Mundo de acordo com o Relatório Anual da ONG mexicana – Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal. Ainda, com o relatório, o Brasil possui a sexta cidade mais violenta do Mundo – Maceió.
Não menos importante, e as infraestruturas no Brasil, como estão? Estradas esburacadas sem manutenção, hidrovias no papel, aeroportos sucateados e superlotados, e ferrovias por fazerem. Um bom exemplo da gastança do Governo em obras de infraestrutura é a Ferrovia Norte-Sul. Pensada pela primeira vez em 1927 era pra ser a espinha dorsal do país interligando de Norte a Sul a economia brasileira. Os setecentos quilômetros entre Anápolis, em Goiás, e Palmas no Tocantins, ainda não podem ser chamados de ferrovia. O país gastou mais de 5,1 bilhões de reais e, depois de duas décadas, continua esperando pelo trem. E, ainda, ficaram tantos problemas resultados de erros de engenharia que serão necessários gastar mais de 400 milhões de reais.
Contudo, como fica a situação da população de baixa renda que consegue ganhar (na verdade o verbo adequado não seria esse, e sim conquistar) um salário-mínimo. Em primeiro de janeiro de 2014 o mínimo passou a valer R$ 724,00. Como sobreviver com esse numerário? O custo da cesta básica, de acordo com o DIEESE – 2014, para Belém é de R$ 296,39 para uma família com quatro pessoas. Isso representa cerca de 41% da renda mensal do trabalhador. Vale ressaltar que, deve-se somar ainda os gastos com transporte, energia, água, alimentação, saúde e habitação.
A Saúde no Brasil é desesperadora. A média de espera para uma consulta nos postos de saúde das grandes capitais brasileiras é de três meses. Para a realização de exames pode se chegar a seis meses, sem contar com a precariedade no atendimento e nas estruturas dos postos. Habitação é outro peculiar desafio. As favelas não param de crescer junto com as periferias. O poder do traficante torna-se mais eficiente, uma vez que ele atua onde o Governo não tem a capacidade de agir: na pobreza. Com a promessa de dinheiro fácil, jovens de diferentes idades entregam-se ao mundo das drogas, esquecendo da escola, do emprego futuro e da família.
E o Imposto de Renda, citado logo no início. Temos que declarar e pagar. Não para melhorar nossa pátria amada, mas para continuarmos sobrevivendo em um país onde o luxuoso e paupérrimo andam lado a lado e que o Direito Constitucional é apenas um ponto de vista.
Professor Adriano Costa

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Redes Técnicas e de Transporte


A revolução dos sistemas técnicos e a sua função transformadora do espaço no período atual podem ser plenamente caracterizadas pela presença de diferentes tipos de redes geográficas que dinamizam os sistemas produtivos e redefinem em escala global o uso do território, conferindo novas possibilidades aos fluxos materiais (objetos, mercadorias, pessoas) e imateriais (dados, informação, comunicação) ainda que isto ocorra de forma bastante diferenciada nos lugares. Como os diferentes tipos de redes e de sistemas de transporte não ocorrem de forma homogênea no território e não atendem aos interesses de todos os agentes, as funções de articulação das ações e de otimização do trabalho desempenhadas pelas redes geográficas tornam-se restritas e limitadas, sobretudo para aqueles lugares e ações que aparecem como sendo residuais (sem importância) aos interesses do sistema político-econômico hegemônico.
Professor Adriano Costa

China: a nova potencia do século XXI?

Atualmente a China vem sendo classificada, pelos analistas econômicos, como a grande potência do comércio mundial. Porém, a análise do contexto de formação do território chinês a partir do século XV, retrata que o Socialismo de Mercado possibilita o crescimento da economia em detrimento do desenvolvimento social.

Professor Adriano Costa

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A arte de ter razão: resumo dos 38 estratagemas de Schopenhauer

Em “A Arte de Ter Razão”, Schopenhauer traçou 38 estratagemas para vencer qualquer discussão, mesmo quando se está errado. Nelas descreve estratégias para defender suas crenças, ridicularizar seus rivais e manipular as pessoas. São técnicas que têm efeito de curto prazo, uma vez que você consegue o seu objetivo no momento (convencer alguém a fazer/aceitar algo que não deseja) mas algum tempo depois, a vitória pode se voltar contra nós, quando a pessoa descobrir que foi manipulada.
O link que se segue mostra um resumo dos 38 estratagemas. Conheça-os, pratique-os, e se resguarde da falta de deontologia social.

Por Professor Adriano Costa

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A Arquitetura do Extermínio

Para quem não acredita, muito boa informação sobre a escalada gradual do nazismo germânico pode ser encontrada no filme "Arquitetura da destruição" ["Undergångens arkitektur"], um clássico do cinema documentário produzidocom pouquíssimos recursos materiais.
Não nos iludamos quanto à semelhança entre nazistas históricos e alguns homens do presente (evangélicos ou não) que andam por aí tratando coisas demasiadamente humanas como se fossem as trombetas do Apocalipse. O nazismo também começou assim: meia dúzia de psicóticos atiçando os instintos higienistas do povo, repetindo à exaustão que a Alemanha estava moralmente poluída, degradada... Deu no que deu. Logo após a ascensão de Adolf Hilter ao poder, loucos e alienados já eram incinerados em falsos manicômios secretos. Depois, foi o Holocausto: ciganos, homossexuais, judeus, negros. Nenhum desses grupos agradava ao rancor de província dos "certinhos".

O filme reúne uma impressionante documentação fotográfica e audiovisual sobre o chamado "Terceiro Reich", mostrando inclusive que a "mania de limpeza" de Hitler e seus comparsas era de uma coerência horripilante. De maneira monstruosa, baseava-se em padrões formais de beleza "inspirados" nos contornos do Classicismo e da Antigüidade greco-romana. Com essa documentação e uma locução primorosa (na voz do consagrado ator Bruno Ganz), o diretor do filme, Peter Cohen, mostra bem aos seus espectadores como Hitler foi uma espécie de idiota pop: confundiu a vida real com a fabricação tirânica de um mundo "puro". E, como era um borderliner, decidiu "adequar" seu país àquela fantasia diabólica, eliminando fisicamente os "indivíduos" que, segundo o seu juízo delirante, eram por assim dizer "pontos fora da curva" em relação a uma suposta cultura germânica: aberrações e anomalias segundo os princípios organizadores de sua obssessão. Isso lembra algo sobre o besteirol conservador atual ao redor dos gays?
Grande parte dos pregadores que hoje jogam sobre nós sua peçonha patinam nessa mesma loucura esquisóide. Humanismo zero. Seu desvio consiste em negar aos irmãos o direito à lacuna, ao vazio, à ausência e à falha, como se fôssemos máquinas retilíneas de obedecer a preceitos.
Por isso, quem tem a cabeça e o coração no lugar certo se assombra quando vê engravatados em catarse que, em nome de princípios morais religiosos, glorificam o assassinato brutal de poetas, compositores e humanistas de todo o tipo. O delírio hitlerista também tinha seu quê de teocracia: Hitler achava-se um herói cuja missão eram "limpar" a Europa (e o Mundo) de uma alegada "decadência". E a pior das decadências, para ele e seus seguidores, era exatamente a "mistura".
No contexto dos debates atuais sobre nazismo e direitos humanos, sobretudo no Brasil, o filme de Peter Cohen merece ser visto e revisto. Faz pensar em questões importantes que atravessam a nossa tradição de tolerância e convivência interétnica, que um punhado de malucos decidiu agora atacar.
Por José Guilherme