Os conflitos atuais da África são motivados pela combinação de causas variadas, embora predomine, neste ou naquele caso, um determinado componente étnico (Ruanda, Mali, Somália, Senegal), religioso (Argélia), ou político (Angola, Uganda). Isto sem contar os litígios territoriais, muito frequentes na África Ocidental. No meio desses conflitos que atormenta a África neste final de século, estão vários povos e nações que buscam sua autonomia e sua autodeterminação face a poderes centrais autoritários, exercidos muitas vezes por uma etnia majoritária.
Na Somália, oito clãs disputam o poder numa guerra civil que dilacerou completamente o país. Na Libéria, a guerra interna matou mais de 150 mil pessoas e produziu cerca de 700 mil refugiados. Cifra semelhante pode ser verificada na vizinha Serra Leoa. A situação não é muito diferente em países como o Chade ou Sudão. Enfim, são vários e vários conflitos sem perspectivas imediatas de pacificação. Acordos e negociações têm sido tentados, mas sem muito sucesso. Talvez Angola possa se transformar numa exceção, face a mais uma tentativa de paz (a última?) acordada entre o Movimento pela Libertação de Angola (MPLA), no governo, e o seu arquirival, a União Total para a Libertação de Angola (UNITA), organização que durante muitos anos recebeu apoio dos EUA e do criminoso regime do appartheid sul-africano.
Informes Geográficos
O principal objetivo desse blog é proporcionar o debate sobre os temas mais atuais da ciência geográfica e do Mundo.
segunda-feira, 18 de agosto de 2014
sexta-feira, 6 de junho de 2014
As vendas da Argentina para o Brasil caíram 19% nos
primeiros cinco meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado,
levando o país vizinho a ser desbancado pela Alemanha como o terceiro mercado
que mais vende para o Brasil.
É a primeira vez que o país vizinho é superado pelos
alemães nas vendas para o Brasil nesse período. No início deste século, ele
também já havia sido batido pela China, que, atualmente, é o país que mais
exporta para o mercado brasileiro, à frente dos EUA.
A vantagem da maior economia europeia é de poucos
milhões de dólares (ambos venderam cerca de US$ 5,8 bilhões até maio), mas há
também um significado simbólico na perda de espaço do parceiro de Mercosul.
Uma das dificuldades das vendas argentinas é que, diferentemente
das alemãs (que são bastante diversificadas), elas estão muito concentradas em
poucos itens.
Por isso, uma queda nas exportações de algum deles já
tem efeito expressivo no comércio entre os dois países. É o que ocorre agora
com duas áreas: veículos (e autopeças) e trigo. Para a economista Marcela
Cristini, da consultoria Fiel, essa concentração em veículos e autopeças --que
é um setor administrado-- é "perigosa".
"A instabilidade de câmbio da Argentina [há
restrições para comprar dólares, o que dificulta o comércio exterior] complicou
a situação."
Para Cristini, porém, o Mercosul segue sendo "um
bom negócio" no longo prazo.
Os carros dominam as transações entre os dos países,
liderados pelos veículos a diesel, que representaram 15% das compras
brasileiras da nação vizinha até abril.
Os automóveis de maior potência (6,93% do total) e os
de menor potência (4,94%) vêm a seguir nas importações brasileiras da
Argentina.
TRIGO
Em quarto lugar nas compras brasileiras do país
vizinho está o trigo, justamente o produto que teve a maior queda, com declínio
de 67% de janeiro a abril ante igual período de 2013.
A Argentina é um produtor tradicional de trigo, mas
tem exportado cada vez menos ao Brasil. Não foi só uma diminuição das vendas
para fora, mas o tamanho da colheita vem diminuindo há cinco anos, diz o
economista Ramiro Costa, da Argentrigo, uma associação de produtores.
Ele afirma que, historicamente, o país produzia cerca
de 15 milhões de toneladas, mas que, nos últimos anos, caiu para cerca de 8
milhões de toneladas.
Um dos motivos para essa queda é a política de
retenção do governo, que, para que o preço interno não suba, obriga o
exportador de trigo a pagar impostos altos.
Com isso, nos últimos anos, muitos produtores optaram
por trocar o tipo de produto e começaram a plantar soja, que é livre de taxas.
Um executivo de uma produtora de trigo, que pede para
não ser identificado, afirma que espera que esse declínio se reverta nos
próximos anos e que o tamanho da produção volte aos níveis históricos --e,
então, voltar a fornecer toda a necessidade do mercado brasileiro.
Folha de São Paulo
terça-feira, 29 de abril de 2014
O Imposto de Renda e a realidade do Brasil
A Declaração anual do Imposto de Renda – pessoa física - 2014 está
chegando ao fim e com ela a abertura de um grande debate sobre o destino do
capital gerado pelo Governo em forma de impostos. Este ano, o cidadão que
obteve rendimentos anuais acima de R$ 25.661,70 em 2013 tem que declarar. A
lógica do Governo é que o capital arrecadado é transformado em investimentos
que são necessários à população brasileira como, saúde, transporte,
infraestrutura, habitação e segurança.
Entretanto, a radiografia sócio urbana do Brasil identifica que tais
investimentos não estão sendo feitos. A segurança pública apresenta dados
alarmantes. Em 2013 ocorreu 50.000 assassinatos, em média são dezenove (19)
assassinatos para cada cem mil habitantes (19/100.000 hab.) é praticamente o
dobro do recomentado pelo ONU. Até abril de 2014 foram registrados vinte e
cinco (25) homicídios para cem mil habitantes (25/100.000 hab.). E mais, o
Brasil tem dezesseis das cinquenta cidades mais violentas do Mundo de acordo
com o Relatório Anual da ONG mexicana – Conselho Cidadão para a Segurança
Pública e Justiça Penal. Ainda, com o relatório, o Brasil possui a sexta cidade
mais violenta do Mundo – Maceió.
Não menos importante, e as infraestruturas no Brasil, como estão?
Estradas esburacadas sem manutenção, hidrovias no papel, aeroportos sucateados
e superlotados, e ferrovias por fazerem. Um bom exemplo da gastança do Governo
em obras de infraestrutura é a Ferrovia Norte-Sul. Pensada pela primeira vez em
1927 era pra ser a espinha dorsal do país interligando de Norte a Sul a
economia brasileira. Os setecentos quilômetros entre Anápolis, em Goiás, e
Palmas no Tocantins, ainda não podem ser chamados de ferrovia. O país gastou
mais de 5,1 bilhões de reais e, depois de duas décadas, continua esperando pelo
trem. E, ainda, ficaram tantos problemas resultados de erros de engenharia que
serão necessários gastar mais de 400 milhões de reais.
Contudo, como fica a situação da população de baixa renda que consegue
ganhar (na verdade o verbo adequado não seria esse, e sim conquistar) um
salário-mínimo. Em primeiro de janeiro de 2014 o mínimo passou a valer R$
724,00. Como sobreviver com esse numerário? O custo da cesta básica, de acordo
com o DIEESE – 2014, para Belém é de R$ 296,39 para uma família com quatro pessoas.
Isso representa cerca de 41% da renda mensal do trabalhador. Vale ressaltar
que, deve-se somar ainda os gastos com transporte, energia, água, alimentação,
saúde e habitação.
A Saúde no Brasil é desesperadora. A média de espera para uma consulta
nos postos de saúde das grandes capitais brasileiras é de três meses. Para a
realização de exames pode se chegar a seis meses, sem contar com a precariedade
no atendimento e nas estruturas dos postos. Habitação é outro peculiar desafio.
As favelas não param de crescer junto com as periferias. O poder do traficante
torna-se mais eficiente, uma vez que ele atua onde o Governo não tem a
capacidade de agir: na pobreza. Com a promessa de dinheiro fácil, jovens de
diferentes idades entregam-se ao mundo das drogas, esquecendo da escola, do
emprego futuro e da família.
E o Imposto de Renda, citado logo
no início. Temos que declarar e pagar. Não para melhorar nossa pátria amada, mas para continuarmos
sobrevivendo em um país onde o luxuoso e paupérrimo andam lado a lado e que o
Direito Constitucional é apenas um ponto de vista.
Professor Adriano Costa
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Redes Técnicas e de Transporte
A revolução dos sistemas técnicos e a sua função transformadora
do espaço no período atual podem ser plenamente caracterizadas pela presença de
diferentes tipos de redes geográficas que dinamizam os sistemas produtivos e
redefinem em escala global o uso do território, conferindo novas possibilidades
aos fluxos materiais (objetos, mercadorias, pessoas) e imateriais (dados,
informação, comunicação) ainda que isto ocorra de forma bastante diferenciada
nos lugares. Como os diferentes tipos de redes e de sistemas de transporte não
ocorrem de forma homogênea no território e não atendem aos interesses de todos
os agentes, as funções de articulação das ações e de otimização do trabalho
desempenhadas pelas redes geográficas tornam-se restritas e limitadas, sobretudo
para aqueles lugares e ações que aparecem como sendo residuais (sem
importância) aos interesses do sistema político-econômico hegemônico.
Professor Adriano Costa
China: a nova potencia do século XXI?
Atualmente a China vem sendo classificada, pelos analistas econômicos, como a grande potência do comércio mundial. Porém, a análise do contexto de formação do território chinês a partir do século XV, retrata que o Socialismo de Mercado possibilita o crescimento da economia em detrimento do desenvolvimento social.
Visite o site: http://www.mundovestibular.com.br/articles/6130/1/Historia-da-China/Paacutegina1.html
Professor Adriano Costa
quinta-feira, 16 de maio de 2013
A arte de ter razão: resumo dos 38 estratagemas de Schopenhauer
Em “A Arte de Ter Razão”, Schopenhauer traçou 38 estratagemas para
vencer qualquer discussão, mesmo quando se está errado. Nelas descreve
estratégias para defender suas crenças, ridicularizar seus rivais e
manipular as pessoas. São técnicas que têm efeito de curto prazo, uma
vez que você consegue o seu objetivo no momento (convencer alguém a
fazer/aceitar algo que não deseja) mas algum tempo depois, a vitória
pode se voltar contra nós, quando a pessoa descobrir que foi manipulada.
O link que se segue mostra um resumo dos 38 estratagemas. Conheça-os, pratique-os, e se resguarde da falta de deontologia social.
Por Professor Adriano Costa
sexta-feira, 19 de abril de 2013
A Arquitetura do Extermínio
Para quem não acredita, muito boa informação sobre a escalada gradual
do nazismo germânico pode ser encontrada no filme "Arquitetura da
destruição" ["Undergångens arkitektur"], um clássico do cinema
documentário produzidocom pouquíssimos recursos materiais.
Não nos iludamos quanto à semelhança entre nazistas
históricos e alguns homens do presente (evangélicos ou não) que andam
por aí tratando coisas demasiadamente humanas como se fossem as
trombetas do Apocalipse. O nazismo também começou assim: meia dúzia de
psicóticos atiçando os instintos higienistas do povo, repetindo à
exaustão que a Alemanha estava moralmente poluída, degradada... Deu no
que deu. Logo após a ascensão de Adolf Hilter ao poder, loucos e
alienados já eram incinerados em falsos manicômios secretos. Depois, foi
o Holocausto: ciganos, homossexuais, judeus, negros. Nenhum desses
grupos agradava ao rancor de província dos "certinhos".
O filme reúne uma impressionante documentação fotográfica e
audiovisual sobre o chamado "Terceiro Reich", mostrando inclusive que a
"mania de limpeza" de Hitler e seus comparsas era de uma coerência
horripilante. De maneira monstruosa, baseava-se em padrões formais de
beleza "inspirados" nos contornos do Classicismo e da Antigüidade
greco-romana. Com essa documentação e uma locução primorosa (na voz do
consagrado ator Bruno Ganz), o diretor do filme, Peter Cohen, mostra bem
aos seus espectadores como Hitler foi uma espécie de idiota pop:
confundiu a vida real com a fabricação tirânica de um mundo "puro". E,
como era um borderliner, decidiu "adequar" seu país àquela fantasia
diabólica, eliminando fisicamente os "indivíduos" que, segundo o seu
juízo delirante, eram por assim dizer "pontos fora da curva" em relação a
uma suposta cultura germânica: aberrações e anomalias segundo os
princípios organizadores de sua obssessão. Isso lembra algo sobre o
besteirol conservador atual ao redor dos gays?
Grande parte dos pregadores que hoje jogam sobre nós sua peçonha
patinam nessa mesma loucura esquisóide. Humanismo zero. Seu desvio
consiste em negar aos irmãos o direito à lacuna, ao vazio, à ausência e à
falha, como se fôssemos máquinas retilíneas de obedecer a preceitos.
Por isso, quem tem a cabeça e o coração no lugar certo se assombra
quando vê engravatados em catarse que, em nome de princípios morais
religiosos, glorificam o assassinato brutal de poetas, compositores e
humanistas de todo o tipo. O delírio hitlerista também tinha seu quê de
teocracia: Hitler achava-se um herói cuja missão eram "limpar" a Europa
(e o Mundo) de uma alegada "decadência". E a pior das decadências, para
ele e seus seguidores, era exatamente a "mistura".
No contexto dos debates atuais sobre nazismo e direitos humanos,
sobretudo no Brasil, o filme de Peter Cohen merece ser visto e revisto.
Faz pensar em questões importantes que atravessam a nossa tradição de
tolerância e convivência interétnica, que um punhado de malucos decidiu
agora atacar.
Por José Guilherme
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