terça-feira, 30 de outubro de 2012

Primavera Árabe


O termo Primavera Árabe, como o evento ficou conhecido,  é uma alusão à “Primavera de Praga” (momento de instabilidade sócio-política que afetou a antiga Tchecoslováquia durante a época de sua ocupação pela União Soviética nos anos de 1960). Embora, várias nações afetadas não façam parte do "Mundo Árabe" e de ter se iniciado durante o inverno do hemisfério norte, a nomenclatura chama atenção pelo fato de que os dois momentos históricos possuem causas em comum: a luta pela democracia e por melhores condições de vida da população.
Portanto, Primavera Árabe é o nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011. A raiz dos protestos é o agravamento da situação dos países, provocado pela crise econômica e pela falta de democracia. A população sofre com as elevadas taxas de desemprego e o alto custo dos alimentos e pede melhores condições de vida.
Países envolvidos: Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Iêmem e Barein.
Ditaduras derrubadas: A onde de protestos e revoltas já provocou a queda de quatro governantes na região. Enquanto os ditadores da Tunísia e do Egito deixaram o poder sem oferecer grande resistência, Muammar Kadafi, da Líbia, foi morto por uma rebelião interna com ação militar decisiva da Otan. No Iêmen, o presidente Saleh resistiu às manifestações por vários meses, até transferir o poder a um governo provisório.
Transição para as novas democracias: Tunísia e Egito realizaram eleições em 2011, vencidas por partidos islâmicos moderados. A Tunísia é apontada como o país com as melhores chances de adotar com sucesso um regime democrático. No Egito, os militares comandam o conturbado processo de transição, e a população pede a sua saída imediata do poder.
Geopolítica árabe: Os Estados Unidos eram aliados de ditaduras árabes, buscando garantir interesses geopolíticos e econômicos na região, que abriga as maiores reservas de petróleo do planeta. A Primavera Árabe põe em cheque a política externa de Washington para a região. A Liga Árabe, liderada pela Arábia Saudita e pelo Catar, assume um papel de destaque na mediação das crises e dos conflitos provocados pela Primavera Árabe.
Por Prof. Adriano Costa.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mulheres com maiores escolaridade e renda adiam maternidade


Quanto mais instruída ou mais rica, mais tarde as mulheres decidem pela maternidade, segundo dados do Censo de 2010, divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira. A idade média das mães da classe sem rendimento era de 25,7 anos em 2010. Já entre as mulheres com renda superior a 5 salários mínimos per capita, a idade subia para 31,9 anos.
Entre mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, a idade média para ter filhos era menor (25,4 anos) do que das mulheres com ensino superior (30,9 anos), de acordo com o IBGE.
Mulheres com superior completo tinham também uma taxa de fecundidade mais baixa, de apenas 1,14 filho. Já as que estudaram no máximo até o fundamental incompleto geravam 3,09 filhos, em média.
Na faixa de renda de até 1/4 de salário mínimo per capital, a taxa de fecundidade era de 3,90 filhos, caindo gradualmente até chegar a 0,97 filho de com renda superior a cinco salários per capita.
Em média, a fecundidade das mulheres brasileiras era de 1,9 filho por mulher, abaixo da taxa de reposição da população --2,1 filho, um para substituir o pai e outro para a mãe, além de uma "sobra" para compensar mortes de jovens.

 
IBGE/Censo 2010

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Turquia envia aviões de combate para fronteira com a Síria


A Turquia enviou nesta sexta-feira dois aviões de combate para a fronteira com a Síria, após um helicóptero do Exército sírio bombardear a cidade de fronteira síria de Azmarin, disse uma testemunha.
Houve intensos confrontos entre rebeldes e forças do governo sírio nesta semana em Azmarin e em cidades vizinhas, uma área de forte oposição ao governo do ditador Bashar Assad.
A luta ao longo dos 900 quilômetros de fronteira da Turquia com a Síria se espalhou pelo território turco na semana passada, com o Exército turco respondendo a tiros e morteiros disparados pela Síria.
O chefe do Estado-Maior turco, Necdet Ozel, disse na quarta-feira (10) que suas tropas responderão "com mais força" se os bombardeios continuarem a atingir a Turquia, e o parlamento disse na semana passada que autorizou o envio de tropas para além da Turquia, aumentando os temores de que a guerra civil síria arraste também poderes regionais.
DA REUTERS, EM ISTAMBUL

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Taxa de Natalidade cai e população brasileira pode parar de crescer

http://www.geostudos.com/arquivos/textos/18/natalidade%20brasil.JPG


Diante de uma taxa de natalidade de apenas 1,7% (comparável a países como França e Reino Unido), o Brasil caminha rapidamente para uma estagnação de sua população. O Ipea projeta 200 milhões de pessoas em 2020. Vinte anos mais tarde, em 2040, esse número crescerá em apenas 4 milhões, prevê o instituto ligado à Presidência da República.
Segundo dados da última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), viviam no país 195,2 milhões de pessoas em 2011. "O germe do declínio populacional já está instalado no país, que são as baixas taxas de fecundidade e o reduzido crescimento da população", disse Ana Amélia Camarano, demógrafa do Ipea.
Para a pesquisadora, o aumento populacional atual de apenas 0,7% ao ano e a menor natalidade - que deve chegar a 1 filho por mulher em 2030 - fazem o país migrar de uma "explosão de população" no passado para uma "implosão de população" no futuro próximo, acompanhada do envelhecimento da estrutura etária do país.
Um dos problemas da estrutura etária envelhecida é que a força de trabalho também recua, reduzindo a capacidade produtiva do país. "Há apenas 20 anos ainda falávamos em explosão populacional. O problema agora é outro. A questão é como prover saúde e condições de autonomia a uma população cada vez mais envelhecida", afirmou a demógrafa.
De acordo com Camarano, as mulheres brasileiras tinham cerca de 6 filhos, em média, nos anos 50 e 60. Naquele período, a população crescia a um ritmo anual superior a 3%. "Foi o nosso período do 'baby boom'", afirma.
A taxa de fecundidade foi rapidamente declinando (com adventos como a pílula e outros métodos contraceptivos e o aumento do nível de educação) nos últimos anos. Atualmente, diz, ela está num nível "consideravelmente abaixo" da chamada taxa de reposição da população - de 2,14 filhos por mulher.
A lógica embutida nessa taxa é a seguinte: cada mulher tem de gerar duas crianças para "repor" o pai e ela própria; o 0,14 adicional é para compensar sobretudo aqueles que morrem antes de terem filhos.
Com tal dinâmica, prevê, só as faixas etárias acima de 45 anos vão crescer a partir de 2030. De 2040 em diante, a única parcela que crescerá em números absolutos será a de 60 anos ou mais.
O Brasil caminha rapidamente, afirma, para ter um perfil populacional "bastante envelhecido" e de fecundidade muito baixa (em torno ou pouco acima de 1 filho por mulher), comparável aos países do sul da Europa (Portugal, Espanha, Itália e Grécia, sobretudo) e do Japão.
França e Reino Unido, diz, ainda mantêm uma estrutura um pouco mais jovem e taxa de fecundidade maior graças ao peso da imigração.

FECUNDIDADE POR RENDA
Para Ana Amélia Camarano, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a desigualdade na taxa de fecundidade entre mulheres de faixas diferentes de renda abre caminho para uma a queda rápida até os níveis dos países europeus do mediterrâneo e do Japão. Isso num cenário que em o rendimento dos mais pobres no Brasil avança mais rápido do que dos mais ricos.
Enquanto entre as mulheres da faixa de renda com os 20% menores rendimentos familiares a taxa de natalidade era de 3,6 filhos, na faixa dos grupos familiares dos 20% mais ricos estava em 0,9 filho --abaixo da taxa japonesa.


Pedro Soares - Adaptado por Prof. Adriano Costa

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Santa Eleição


Sou um ardoroso defensor da laicidade do Estado, mas receio que ela não possa ser estendida para eleições, como parece querer boa parte dos intelectuais e políticos mais à esquerda.
Não me entendam mal. Também eu gostaria que questões de fé, como a filiação religiosa dos candidatos e suas posições em relação a aborto, eutanásia etc. (que não são assuntos da alçada do Executivo ou de prefeituras), não influíssem no pleito, mas, para fazê-lo, precisaríamos eliminar o povo do processo de escolha, o que provavelmente é uma má ideia.
Ao contrário de juízes e outros servidores públicos, que precisam justificar racionalmente suas decisões, o eleitor deve satisfações apenas à própria consciência. Se, para ele, o fato de o postulante ter vínculos com esta ou aquela igreja faz diferença, não há como objetar a que leve isso em consideração na hora de votar.
O que se pode fazer para preservar a laicidade do Estado é exigir que, uma vez eleito, o administrador se paute pelos princípios constitucionais que asseguram a neutralidade do poder público em matéria religiosa. Eles incluem a proibição de subvencionar igrejas, a necessidade de atuar de forma impessoal e a proteção a direitos de minorias.
Os crentes deveriam ser a parte mais interessada na manutenção do Estado laico, que é essencialmente uma garantia de liberdade religiosa. E, se há algo que realmente une todas as fés, do catolicismo ao islamismo, é clamar por liberdade religiosa nos países em que são minoritárias.
Voltando à democracia, precisamos abandonar a noção de que ela funciona porque cidadãos se debruçam sobre os problemas e, após cuidadosa análise, escolhem as melhores propostas. Esse modelo existiu apenas na cabeça de alguns filósofos do século 18 e do TSE. Democracias dão certo principalmente porque canalizam para formas menos violentas os conflitos existentes em qualquer sociedade.
Hélio Schwartsman