Diante
de uma taxa de natalidade de apenas 1,7% (comparável a países como
França e Reino Unido), o Brasil caminha rapidamente para uma
estagnação de sua população. O Ipea projeta 200 milhões de
pessoas em 2020. Vinte anos mais tarde, em 2040, esse número
crescerá em apenas 4 milhões, prevê o instituto ligado à
Presidência da República.
Segundo
dados da última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios),
viviam no país 195,2 milhões de pessoas em 2011. "O germe do
declínio populacional já está instalado no país, que são as
baixas taxas de fecundidade e o reduzido crescimento da população",
disse Ana Amélia Camarano, demógrafa do Ipea.
Para
a pesquisadora, o aumento populacional atual de apenas 0,7% ao ano e
a menor natalidade - que deve chegar a 1 filho por mulher em 2030 -
fazem o país migrar de uma "explosão de população" no
passado para uma "implosão de população" no futuro
próximo, acompanhada do envelhecimento da estrutura etária do país.
Um
dos problemas da estrutura etária envelhecida é que a força de
trabalho também recua, reduzindo a capacidade produtiva do país.
"Há apenas 20 anos ainda falávamos em explosão populacional.
O problema agora é outro. A questão é como prover saúde e
condições de autonomia a uma população cada vez mais
envelhecida", afirmou a demógrafa.
De
acordo com Camarano, as mulheres brasileiras tinham cerca de 6
filhos, em média, nos anos 50 e 60. Naquele período, a população
crescia a um ritmo anual superior a 3%. "Foi o nosso período do
'baby boom'", afirma.
A
taxa de fecundidade foi rapidamente declinando (com adventos como a
pílula e outros métodos contraceptivos e o aumento do nível de
educação) nos últimos anos. Atualmente, diz, ela está num nível
"consideravelmente abaixo" da chamada taxa de reposição
da população - de 2,14 filhos por mulher.
A
lógica embutida nessa taxa é a seguinte: cada mulher tem de gerar
duas crianças para "repor" o pai e ela própria; o 0,14
adicional é para compensar sobretudo aqueles que morrem antes de
terem filhos.
Com
tal dinâmica, prevê, só as faixas etárias acima de 45 anos vão
crescer a partir de 2030. De 2040 em diante, a única parcela que
crescerá em números absolutos será a de 60 anos ou mais.
O
Brasil caminha rapidamente, afirma, para ter um perfil populacional
"bastante envelhecido" e de fecundidade muito baixa (em
torno ou pouco acima de 1 filho por mulher), comparável aos países
do sul da Europa (Portugal, Espanha, Itália e Grécia, sobretudo) e
do Japão.
França
e Reino Unido, diz, ainda mantêm uma estrutura um pouco mais jovem e
taxa de fecundidade maior graças ao peso da imigração.
FECUNDIDADE
POR RENDA
Para
Ana Amélia Camarano, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), a desigualdade na taxa de fecundidade entre mulheres de
faixas diferentes de renda abre caminho para uma a queda rápida até
os níveis dos países europeus do mediterrâneo e do Japão. Isso
num cenário que em o rendimento dos mais pobres no Brasil avança
mais rápido do que dos mais ricos.
Enquanto
entre as mulheres da faixa de renda com os 20% menores rendimentos
familiares a taxa de natalidade era de 3,6 filhos, na faixa dos
grupos familiares dos 20% mais ricos estava em 0,9 filho --abaixo da
taxa japonesa.
Pedro Soares - Adaptado por Prof. Adriano Costa
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