quinta-feira, 27 de maio de 2010

Guerra da Coréia: Contexto histórico


O mundo depois da Segunda Guerra foi politicamente marcado pelo “racha” político e ideológico travado entre Estados Unidos e União Soviética. As duas principais potências vitoriosas do conflito mundial dividiram entre si áreas de influência econômica, política e ideológica, inaugurando um período conhecido como “Guerra Fria”. É nesse contexto que temos condições de compreender o conflito que dividiu a Coréia em dois diferentes Estados Nacionais.
De fato essa divisão é anterior ao conflito já que, durante o processo de ocupação das áreas colonizadas pelo Japão, as tropas norte-americanas controlaram o sul e os exércitos soviéticos lutaram na parte norte. A partir desse processo de ocupação militar, as duas potências resolveram criar uma fronteira artificial que delimitaria o predomínio de ambas naquela região. Após um acordo, o paralelo 38° fixou os limites da socialista Coreia do Norte e da capitalista Coréia do Sul.
Esse projeto de equilíbrio de forças logo foi desestabilizado com a instauração da República Popular da China, em 1949. O país que fazia fronteira com a Coréia do Norte conseguiu estabelecer uma experiência revolucionária comunista ao longo do extenso território chinês. Inspirados pela experiência vizinha, as lideranças políticas norte-coreanas, no ano seguinte, apoiaram o projeto de reunificação do país através da declaração de uma guerra.
A invasão dos norte-coreanos alarmou as potências capitalistas, que logo convocaram uma reunião nas instalações da Organização das Nações Unidas. Aproveitando a ausência da autoridade diplomática soviética, que tinha poder de veto, os EUA conseguiram a aprovação para que enviassem tropas contra a ofensiva dos socialistas. Em setembro daquele mesmo ano os Estados Unidos enviaram forças militares contra a Coreia do Norte. Em pouco tempo, conseguiram algumas importantes vitórias.
Entretanto, as ambições dos norte-coreanos logo foram bem vistas pelo líder comunista chinês Mao-Tsé tung, que logo cedeu tropas em sinal de apoio. Esse incremento militar obrigou as tropas da ONU a recuarem para os limites do paralelo 38º. Sentindo-se visivelmente ameaçado pelo poderio militar socialista, o general MacArthur – líder dos exércitos norte-americanos – chegou a requerer o uso de armamento nuclear para dar uma “rápida solução” ao conflito.
A possibilidade de uma nova hecatombe foi logo descartada pelas autoridades norte-americanas, que preferiram partir para as negociações diplomáticas. O equilíbrio de forças entre os dois lados do conflito acabou viabilizando as negociações, já que nenhum tipo de avanço militar significativo ocorreu nos dois anos seguintes daquela guerra. Em 1953, o Tratado de Pan-munjom encerrou a desgastante Guerra da Coréia e restaurou os limites territoriais do paralelo 38º.
Mesmo com o fim da Guerra da Coréia, a tensão entre essas duas nações não chegou a um ponto final. O lado norte, aproveitando do apoio conseguido durante o auge do bloco socialista, buscou meio para melhorar seus índices de saúde e educação. Além disso, aproveitou deste período para empreender um forte projeto de tecnologia bélica e nuclear. Essa última medida promoveu fortes incômodos diplomáticos entre Estados Unidos e Coréia do Norte.
A região sul hoje integra uma das mais sólidas e prósperas economias capitalistas do mundo. A ajuda financeira oferecida pelos Estados Unidos conseguiu superar os problemas vividos com a instabilidade das instituições políticas e os escândalos de corrupção. O sucesso da economia sul-coreana atingiu seu auge quando, no ano de 2002, o país sediou alguns jogos da Copa do Mundo de Futebol. Nos últimos anos, as duas Coréias deram início aos diálogos de uma possível cooperação política e econômica.
Por Rainer Souza
Professor de História

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