quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Nada indica uma rápida solução da Crise na Síria


A recente visita a Damasco do enviado da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, e a reunião realizada esta semana no Cairo pelos chanceleres egípcio, iraniano e turco, em nada indicam uma pronta solução da crise na Síria.

 "Ninguém está em desacordo com a necessidade de deter o derramamento de sangue e restaurar a harmonia entre a população nesse país", disse na sua chegada Brahimi, mas prosseguiu sem adiantar propostas ou ações sobre os caminhos que sua mediação seguirá.
Após sua entrevista com o presidente Bashar al-Assad, declarou: "Não há um plano agora, desenvolveremos um depois de nos reunirmos com todos os envolvidos e espero que o plano seja útil para a salvação da Síria".
No Cairo, a ausência da Arábia Saudita, um dos principais inimigos do povo sírio, abriu questionamentos, pois Riad, em cumplicidade com Washington, é um dos principais financiadores de armas e de grupos mercenários que atacam no território sírio.
Este grupo, formado pelo presidente egipcio, Mohamed Morsi, em julho passado, em uma cúpula islâmica em Meca e ratificado pela 16ª Cúpula de Países Não Alinhados em Teerã, é mais uma entre outras iniciativas, e vê-lo de forma otimista é uma leitura apressada. Três dos seus membros pedem, para uma solução, a saída do governo do presidente sírio, algo que não deve avançar e frearia qualquer negociação antes de germinar.
Em sua visita nesta quarta à capital síria, o chanceler persa, Ali Akbar Salehi, ratificou seu apoio às posições das autoridades governamentais sírias durante um encontro com o presidente al-Assad. O presidente manifestou apoio a todas as iniciativas apresentadas para encontrar uma solução para a crise, reafirmando que a chave para o sucesso de qualquer delas consiste na sinceridade das intenções de ajudar seu povo.
Ele reiterou que seu país está aberto a negociações que respeitem a soberania, a liberdade de decisão das pessoas e a rejeição de interferência estrangeira. Em outras palavras, qualquer abordagem do problema que insista em sua saída [de Assad] e esteja carregada de ingerência externa, desconhecimento da soberania nacional e do direito dos sírios de decidir sobre o seu próprio destino parece encaminhada ao fracasso.
Seria preciso esperar para ver se a outra iniciativa ou plano que Brahimi decida seguir exclui as pressões sobre o que deve ou não fazer o governo de Damasco.
A abordagem de diálogo, reiterada pelas autoridades locais, foi apoiada por mais de 24 organizações políticas e personalidades de oposição, que convocaram uma conferência nacional de toda a oposição e dos partidos de dentro e fora, para resolver a crise.
Os participantes indicaram que o chamado surge para alcançar um diálogo entre sírios, sem pré-condições ou pré-conceitos, e para trabalhar em busca de deter o derramamento de sangue e preservar a integridade territorial e a unidade nacional.
Essa é uma das máximas que Brahimi defendeu, mas é preciso ver qual é a reação de fatores externos que apoiam com financiamento, armas e todo tipo de ajuda, os bandos irregulares, que até agora se negam a dialogar. Quando os grupos armados cogitam isso, põem como condição a saída de al-Assad do governo.
Além disso, o Ocidente confirmou sua intenção de continuar "colocando lenha na fogueira" com o envio de armas e mercenários, segundo indicou uma fonte russa e apontaram notícias divulgadas pela imprensa internacional.
Aqueles que apoiam a violência se preparam para enviar um grande lote de suprimentos militares aos grupos armados sírios, revelou a mídia em Moscou.
Recentemente veículos de comunicação divulgaram a chegada ao porto turco de Iskanderun, na costa leste do Mediterrâneo, de 400 toneladas de material de guerra da Líbia, que foram transportadas no navio "Victoria", com destino aos irregulares sírios.
Nos últimos dias, o Exército Árabe Sírio destruiu vários veículos com armas, entre eles diferentes tipos de mísseis, incluídos os SAM-7, que tinham como destino os bandos armados, qualificados como terroristas pelas autoridades.
Nesta difícil situação, o governo procura cortar o fornecimento de suprimentos para os bandos, enquanto estes e seus aliados persistirem no uso de armas.
Até agora, nada indica uma situação otimista para a solução da crise síria que acabe com a violência, que, segundo disse Mahatma Gandhi disse, "é o medo dos ideais dos demais."

Por  Luis Beaton, em Prensa Latina


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