A recente visita a Damasco do enviado da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, e a reunião realizada esta semana no Cairo pelos chanceleres egípcio, iraniano e turco, em nada indicam uma pronta solução da crise na Síria.
"Ninguém
está em desacordo com a necessidade de deter o derramamento de
sangue e restaurar a harmonia entre a população nesse país",
disse na sua chegada Brahimi, mas prosseguiu sem adiantar propostas
ou ações sobre os caminhos que sua mediação seguirá.
Após
sua entrevista com o presidente Bashar al-Assad, declarou: "Não
há um plano agora, desenvolveremos um depois de nos reunirmos com
todos os envolvidos e espero que o plano seja útil para a salvação
da Síria".
No
Cairo, a ausência da Arábia Saudita, um dos principais inimigos do
povo sírio, abriu questionamentos, pois Riad, em cumplicidade com
Washington, é um dos principais financiadores de armas e de grupos
mercenários que atacam no território sírio.
Este
grupo, formado pelo presidente egipcio, Mohamed Morsi, em julho
passado, em uma cúpula islâmica em Meca e ratificado pela 16ª
Cúpula de Países Não Alinhados em Teerã, é mais uma entre outras
iniciativas, e vê-lo de forma otimista é uma leitura apressada.
Três dos seus membros pedem, para uma solução, a saída do governo
do presidente sírio, algo que não deve avançar e frearia qualquer
negociação antes de germinar.
Em
sua visita nesta quarta à capital síria, o chanceler persa, Ali
Akbar Salehi, ratificou seu apoio às posições das autoridades
governamentais sírias durante um encontro com o presidente al-Assad.
O presidente manifestou apoio a todas as iniciativas apresentadas
para encontrar uma solução para a crise, reafirmando que a chave
para o sucesso de qualquer delas consiste na sinceridade das
intenções de ajudar seu povo.
Ele
reiterou que seu país está aberto a negociações que respeitem a
soberania, a liberdade de decisão das pessoas e a rejeição de
interferência estrangeira. Em outras palavras, qualquer abordagem do
problema que insista em sua saída [de Assad] e esteja carregada de
ingerência externa, desconhecimento da soberania nacional e do
direito dos sírios de decidir sobre o seu próprio destino parece
encaminhada ao fracasso.
Seria
preciso esperar para ver se a outra iniciativa ou plano que Brahimi
decida seguir exclui as pressões sobre o que deve ou não fazer o
governo de Damasco.
A
abordagem de diálogo, reiterada pelas autoridades locais, foi
apoiada por mais de 24 organizações políticas e personalidades de
oposição, que convocaram uma conferência nacional de toda a
oposição e dos partidos de dentro e fora, para resolver a crise.
Os
participantes indicaram que o chamado surge para alcançar um diálogo
entre sírios, sem pré-condições ou pré-conceitos, e para
trabalhar em busca de deter o derramamento de sangue e preservar a
integridade territorial e a unidade nacional.
Essa
é uma das máximas que Brahimi defendeu, mas é preciso ver qual é
a reação de fatores externos que apoiam com financiamento, armas e
todo tipo de ajuda, os bandos irregulares, que até agora se negam a
dialogar. Quando os grupos armados cogitam isso, põem como condição
a saída de al-Assad do governo.
Além
disso, o Ocidente confirmou sua intenção de continuar "colocando
lenha na fogueira" com o envio de armas e mercenários, segundo
indicou uma fonte russa e apontaram notícias divulgadas pela
imprensa internacional.
Aqueles
que apoiam a violência se preparam para enviar um grande lote de
suprimentos militares aos grupos armados sírios, revelou a mídia em
Moscou.
Recentemente
veículos de comunicação divulgaram a chegada ao porto turco de
Iskanderun, na costa leste do Mediterrâneo, de 400 toneladas de
material de guerra da Líbia, que foram transportadas no navio
"Victoria", com destino aos irregulares sírios.
Nos
últimos dias, o Exército Árabe Sírio destruiu vários veículos
com armas, entre eles diferentes tipos de mísseis, incluídos os
SAM-7, que tinham como destino os bandos armados, qualificados como
terroristas pelas autoridades.
Nesta
difícil situação, o governo procura cortar o fornecimento de
suprimentos para os bandos, enquanto estes e seus aliados persistirem
no uso de armas.
Até
agora, nada indica uma situação otimista para a solução da crise
síria que acabe com a violência, que, segundo disse Mahatma Gandhi
disse, "é o medo dos ideais dos demais."
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