Centenas
de manifestantes escalaram os muros da embaixada dos Estados Unidos
no Cairo e arrancaram a bandeira americana, pendurada no prédio,
durante protestos contra um filme considerado ofensivo ao islã.
No
lugar da bandeira americana --rasgada em pequenos pedaços--, os
manifestantes tentaram hastear uma bandeira negra com a frase "Não
há Deus senão Alá, e Maomé é seu profeta", disse um
repórter da agência Reuters presente no local.
Segundo
o site do jornal egípcio "Ahram", os manifestantes são
cerca de 4.000 pessoas, a maioria salafistas, que responderam ao
chamado de um líder religioso, Abdel-Wareth, para um protesto
público contra o filme "Muhammad's Trial" ("O
Julgamento de Maomé") --produzido nos EUA e que, segundo os
críticos muçulmanos, insulta o profeta.
Muçulmanos
consideram ofensiva qualquer reprodução de imagens que retratem
Maomé.
"Este
filme deveria ser proibido imediatamente e deveriam pedir desculpas
por ele. É uma desgraça", afirmou Ismail Mahmoud, um jovem de
19 anos que estava no protesto. Ele era membro de um grupo de
torcedores de futebol que tiveram papel importante nos protestos que
derrubaram o ditador Hosni Mubarak no ano passado.
Os
manifestantes deveriam se reunir às 17h (horário local), em frente
à embaixada americana no Cairo, segundo a convocação de
Abdel-Wareth, que também é presidente do canal de TV egípcio
Hekma.
Imagens
do episódio também foram exibidas pela rede de TV americana CNN.
O
protesto, inicialmente pacífico, ficou tenso depois que
manifestantes começaram a lançar fogos de artifício. Alguns
presentes pensaram que o barulho fosse de tiros.
O
Exército egípcio interveio, cercando a embaixada para conter a
situação. Não há relato de feridos ou mortos, nem de danos ao
edifício da embaixada.
POLÊMICA
O
filme controverso está sendo produzido por um grupo de egípcios
cristãos coptas, incluindo Esmat Zaklama e Morees Sadek, com apoio
do pastor americano Terry Jones.
Várias
igrejas locais do Egito condenaram o filme nos últimos dias,
declarando que os produtores não representavam a comunidade cristã
do Egito. Os cristãos no Egito somam cerca de 10% da população de
83 milhões de habitantes do país.
Líder
de uma igreja evangélica da Flórida, Jones queimou em abril o Corão
[livro sagrado muçulmano]-- em um ato do qual participavam 20
pessoas e que foi exibido ao vivo pela internet-- e exigiu a
libertação do pastor evangélico iraniano Youssef Nadaryani.
Nadaryani
foi condenado à morte por apostasia, ao ter abandonado a religião
muçulmana há 16 anos e ter se convertido ao cristianismo.
REAÇÃO
As
autoridades dos EUA não haviam ainda comentado oficialmente o
incidente.
No
entanto, mais cedo na terça-feira a embaixada havia divulgado uma
nota condenando todos aqueles que agredissem os muçulmanos ou os
seguidores de qualquer religião.
"Nós
rejeitamos firmemente as ações daqueles que abusam do direito
universal de livre expressão para ferir crenças religiosas de
outros", declarava o comunicado.
Um
dos slogans rabiscado nos muros da embaixada, que fica próxima da
praça Tahrir (palco dos protestos em massa contra Mubarak), dizia:
"Se sua liberdade de expressão não tem limites, aceite nossa
liberdade de ação." (Agência de Notícias – Folha de São
Paulo – 11/09/2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário