terça-feira, 11 de setembro de 2012

Manifestantes rasgam bandeira da embaixada dos EUA no Cairo


Centenas de manifestantes escalaram os muros da embaixada dos Estados Unidos no Cairo e arrancaram a bandeira americana, pendurada no prédio, durante protestos contra um filme considerado ofensivo ao islã.
No lugar da bandeira americana --rasgada em pequenos pedaços--, os manifestantes tentaram hastear uma bandeira negra com a frase "Não há Deus senão Alá, e Maomé é seu profeta", disse um repórter da agência Reuters presente no local.
 
Manifestantes destróem bandeira da embaixada dos EUA no Cairo
Segundo o site do jornal egípcio "Ahram", os manifestantes são cerca de 4.000 pessoas, a maioria salafistas, que responderam ao chamado de um líder religioso, Abdel-Wareth, para um protesto público contra o filme "Muhammad's Trial" ("O Julgamento de Maomé") --produzido nos EUA e que, segundo os críticos muçulmanos, insulta o profeta.
Muçulmanos consideram ofensiva qualquer reprodução de imagens que retratem Maomé.
"Este filme deveria ser proibido imediatamente e deveriam pedir desculpas por ele. É uma desgraça", afirmou Ismail Mahmoud, um jovem de 19 anos que estava no protesto. Ele era membro de um grupo de torcedores de futebol que tiveram papel importante nos protestos que derrubaram o ditador Hosni Mubarak no ano passado.
 Manifestantes escalam muro da embaixada dos EUA durante protestos
Os manifestantes deveriam se reunir às 17h (horário local), em frente à embaixada americana no Cairo, segundo a convocação de Abdel-Wareth, que também é presidente do canal de TV egípcio Hekma.
Imagens do episódio também foram exibidas pela rede de TV americana CNN.
O protesto, inicialmente pacífico, ficou tenso depois que manifestantes começaram a lançar fogos de artifício. Alguns presentes pensaram que o barulho fosse de tiros.
O Exército egípcio interveio, cercando a embaixada para conter a situação. Não há relato de feridos ou mortos, nem de danos ao edifício da embaixada.
POLÊMICA
O filme controverso está sendo produzido por um grupo de egípcios cristãos coptas, incluindo Esmat Zaklama e Morees Sadek, com apoio do pastor americano Terry Jones.
Várias igrejas locais do Egito condenaram o filme nos últimos dias, declarando que os produtores não representavam a comunidade cristã do Egito. Os cristãos no Egito somam cerca de 10% da população de 83 milhões de habitantes do país.
Líder de uma igreja evangélica da Flórida, Jones queimou em abril o Corão [livro sagrado muçulmano]-- em um ato do qual participavam 20 pessoas e que foi exibido ao vivo pela internet-- e exigiu a libertação do pastor evangélico iraniano Youssef Nadaryani.
Nadaryani foi condenado à morte por apostasia, ao ter abandonado a religião muçulmana há 16 anos e ter se convertido ao cristianismo.
REAÇÃO
As autoridades dos EUA não haviam ainda comentado oficialmente o incidente.
No entanto, mais cedo na terça-feira a embaixada havia divulgado uma nota condenando todos aqueles que agredissem os muçulmanos ou os seguidores de qualquer religião.
"Nós rejeitamos firmemente as ações daqueles que abusam do direito universal de livre expressão para ferir crenças religiosas de outros", declarava o comunicado.
Um dos slogans rabiscado nos muros da embaixada, que fica próxima da praça Tahrir (palco dos protestos em massa contra Mubarak), dizia: "Se sua liberdade de expressão não tem limites, aceite nossa liberdade de ação." (Agência de Notícias – Folha de São Paulo – 11/09/2012)

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